domingo, 7 de agosto de 2011

Neuropatia diabética

A neuropatia diabética é a principal causa de neuropatia nos países desenvolvidos e em processo avançado de desenvolvimento. Aproximadamente 60% dos pacientes com diabetes apresentam dano leve a grave dos nervos periféricos, causando sensação anormal ou dor em pés e mãos. Neuropatia diabética grave é a principal causa de amputação de membros inferiores em pacientes diabéticos. A maioria dos diabéticos com neuropatia (90%) apresentam polineuropatia simétrica distal, muitas vezes dolorosa. Ela tipicamente produz perda sensitiva distal em um padrão de meias e luvas, com progressão gradual.
Embora o risco de desenvolver neuropatia aumente com a progressão do diabetes, ela pode ocorrer mesmo em pacientes sem diabetes, quando apenas há intolerância à glicose (glicemia de jejum entre 100 e 126 mg/dl ou glicemia de 2 horas entre 140 e 200 mg/dl no teste de tolerância à glicose).
Embora o diabetes seja a causa mais provável de neuropatia em pacientes com diabetes ou intolerância à glicose, outras causas de neuropatia devem ser consideradas em todos os pacientes com diabetes e sintomas sugestivos de neuropatia periférica, pois uma causa diferente do diabetes tem sido encontrada em metade dos pacientes diabéticos. Vários consensos internacionais recomendam a realização de eletroneuromiografia em todos os pacientes diabéticos com sintomas de neuropatia. Embora esse exame possa identificar a neuropatia, ele não determina a causa. Ela pode, entretanto, determinar as características da neuropatia (axonal x desmielinizante, localização, gravidade, etc), ajudando a estreitar o diagnóstico diferencial. A eletroneuromiografia também é importante para identificar progressão da doença. Como este exame estuda apenas as fibras de grosso calibre, pacientes com envolvimento isolado das fibras finas podem ter neuropatia com eletroneuromiografia normal. Exames laboratoriais também são importantes para identificar uma causa alternativa para a neuropatia em pacientes diabéticos.

Radiocirugia e radioterapia melhores que cirurgia para metástases cerebrais únicas

Um estudo retrospectivo realizado na Alemanha concluiu que irradiação cerebral total associada com radiocirurgia é superior à ressecção cirúrgica seguida de radioterapia para o tratamento de lesões metastáticas únicas < 4 cm no cérebro. Não havia sinais de recidiva local após 1 ano em 87% dos pacientes tratados com radiocirurgia associada com irradiação cerebral total contra apenas 56% do grupo tratado cirurgicamente. Os autores concluíram que a irradiação cerebral total associada com radiocirurgia pode ser o procedimento de escolha para o tratamento de metástases cerebrais únicas, já que mostraram menor taxa de recorrência, além de ser menos invasivo. Como o estudo foi retrospectivo e sujeito a erros metodológicos, os autores ressaltam a importância de estudos randomizados para confirmar os achados.

Estatinas reduzem recorrência de AVC de causa desconhecida em jovens

Um estudo realizado na Universidade de Helsinque na Finlândia e publicado na revista Neurology mostrou que pacientes jovens (entre 15 e 49 anos) tratados com estatinas (drogas para reduzir o colesterol) tiveram 77% menos risco de recorrência do AVC, IAM, revascularização ou morte de causa vascular que os pacientes que não usaram estaninas após uma seguimento médio de 9 anos. Os autores concluiram que a prescrição das estatinas deveria ser considerada em todos os pacientes com AVC, independente dos níveis de LDL colesterol, outras lipoproteínas ou triglicerídeos. Segundo os autores as estatinas possuem múltiplos efeitos pleiotrópicos além da redução do colesterol, incluindo melhora da função endotelial, modulação da resposta inflamatória, manutenção da estabilidade das placas ateroscleróticas e prevenção da formação de trombos. Embora alguns estudos tenham encontrado um aumento discreto da incidência de hemorragia intracraniana em pacientes tratados com estatinas, seus efeitos benéficos subrepujam os riscos no grupo de pacientes com história de AVC isquêmico.

sábado, 6 de agosto de 2011

Células Tronco em Doenças Neurodegenerativas

Há uma expectativa crescente entre pacientes e familiares de que terapias com células tronco poderão oferecer benefício substancial para as doenças neurodegenerativas do sistema nervoso central como a doença de Alzheimer, doença de Parkinson, doença de Huntington e esclerose lateral amiotrófica. Essas doenças afetam milhares de pessoas em todo o mundo, e sua incidência vem crescendo ainda mais com o envelhecimento da população. Um editorial publicado na revista da Associação Médica Canadense discute se essas expectativas são realistas.
As células tronco são capazes de se renovar, se diferenciar em novas células e, teoricamente, substituir células doentes, inclusive no sistema nervoso central. Embora as células tronco pluripotentes tenham benefício potencial para uma variedade de doenças, suas limitações agora têm sido reconhecidas pelos pesquisadores. Enquanto pacientes com doença de Parkinson refratária ao tratamento medicamentoso têm se beneficiado com implante de células dopaminérgicas embrionárias nos neurônios nigroestriatais degenerados, o mesmo não têm ocorrido com procedimentos similares em pacientes com doença de Huntington. As respostas diferentes ao implante de células tronco nessas duas doenças degenerativas reflete as diferenças fisiopatológicas entre elas, necessitando abordagens totalmente diversas nas pesquisas do uso de células tronco para cada uma delas. Portanto, o uso de células tronco em doenças neurodegenerativas ainda tem um longo caminho a trilhar até que algum benefício clínico seja clinicamente reconhecido.
Nós precisamos responder várias perguntas ainda, sobretudo se essas células podem se diferenciar apropriadamente quando colocadas no sistema nervoso central doente, se elas são capazes de permanecer no local onde foram implantadas, sem migrar para regiões indesejadas, se elas não se proliferarão de forma incontrolável nos tecidos implantados e se elas podem sobreviver indefinidamente nos locais implantados.
Embora as células tronco possam ter um papel chave no tratamento das doenças neurodegenerativas no futuro, ainda permanece incerto qual será sua real contribuição. Muitos exageros e interpretações equivocadas têm sido publicados na imprensa leiga com relação às células tronco. É fundamental, portanto, que a população entenda as limitações das tecnologias disponíveis atualmente e entender as dificuldades em traduzir para a prática em seres humanos os resultados obtidos nos tubos de ensaio dos laboratórios.