sábado, 6 de agosto de 2011

Células Tronco em Doenças Neurodegenerativas

Há uma expectativa crescente entre pacientes e familiares de que terapias com células tronco poderão oferecer benefício substancial para as doenças neurodegenerativas do sistema nervoso central como a doença de Alzheimer, doença de Parkinson, doença de Huntington e esclerose lateral amiotrófica. Essas doenças afetam milhares de pessoas em todo o mundo, e sua incidência vem crescendo ainda mais com o envelhecimento da população. Um editorial publicado na revista da Associação Médica Canadense discute se essas expectativas são realistas.
As células tronco são capazes de se renovar, se diferenciar em novas células e, teoricamente, substituir células doentes, inclusive no sistema nervoso central. Embora as células tronco pluripotentes tenham benefício potencial para uma variedade de doenças, suas limitações agora têm sido reconhecidas pelos pesquisadores. Enquanto pacientes com doença de Parkinson refratária ao tratamento medicamentoso têm se beneficiado com implante de células dopaminérgicas embrionárias nos neurônios nigroestriatais degenerados, o mesmo não têm ocorrido com procedimentos similares em pacientes com doença de Huntington. As respostas diferentes ao implante de células tronco nessas duas doenças degenerativas reflete as diferenças fisiopatológicas entre elas, necessitando abordagens totalmente diversas nas pesquisas do uso de células tronco para cada uma delas. Portanto, o uso de células tronco em doenças neurodegenerativas ainda tem um longo caminho a trilhar até que algum benefício clínico seja clinicamente reconhecido.
Nós precisamos responder várias perguntas ainda, sobretudo se essas células podem se diferenciar apropriadamente quando colocadas no sistema nervoso central doente, se elas são capazes de permanecer no local onde foram implantadas, sem migrar para regiões indesejadas, se elas não se proliferarão de forma incontrolável nos tecidos implantados e se elas podem sobreviver indefinidamente nos locais implantados.
Embora as células tronco possam ter um papel chave no tratamento das doenças neurodegenerativas no futuro, ainda permanece incerto qual será sua real contribuição. Muitos exageros e interpretações equivocadas têm sido publicados na imprensa leiga com relação às células tronco. É fundamental, portanto, que a população entenda as limitações das tecnologias disponíveis atualmente e entender as dificuldades em traduzir para a prática em seres humanos os resultados obtidos nos tubos de ensaio dos laboratórios.

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