sábado, 7 de agosto de 2010

Momento da Cirugia de Carótidas após Ataque Isquêmico Transitório

Pacientes com ataque isquêmico transitório, uma espécie de sintoma premonitório de um AVC (acidente vascular cerebral), devem se submeter a exames de emergência (nas primeiras 24 horas do evento) para encontrar a causa do evento. Os principais fatores de risco para um AVC após um AIT incluem idade > 65 anos, pressão arterial > 140/90 mmHg no momento da admissão no hospital, presença de perda da força em um lado do corpo ou dificuldade para falar, duração dos sintomas maior que uma hora e história de diabetes. Pacientes com pelo menos 3 desses fatores apresentam alto risco para desenvolver um AVC após um AIT. Aqueles que apresentam obstrução de 70% ou mais da luz da artéria carótida interna (uma das principais artérias que levam sangue ao cérebro) devem se submeter a um procedimento cirúrgico conhecido como endarterectomia de carótida. Esse procedimento diminui significativamente o risco de futuros acidentes vasculares. Não há estudos para determinar qual o melhor momento para a realização da cirurgia, mas consensos de especialistas consideram que ele deve ser realizado nos primeiros 14 dias, e idealmente nas primeiras 48 horas, pois os pacientes com muitos fatores de risco apresentam chance relativamente elevada de ter um AVC nas primeiras 48 horas. Estimativas apontam que se a cirurgia for realizada nos primeiros 14 dias da apresentação do AIT, duzentos acidentes vasculares cerebrais são evitados para cada 1000 cirurgias realizadas. Um estudo realizado na Inglaterra e publicado na revista Lancet (Lancet. 2010;376:304) mostrou que os pacientes com AIT daquele país estão esperando mais que os 14 dias recomendados, e raramente se submetem ao procedimento cirúrgico antes de 48 horas. Apenas um terço dos pacientes fazem a cirurgia nos primeiros 14 dias e somente 3% são operados nas primeiras 48 horas. O tempo médio de espera pela cirurgia é de 28 dias. Entre as razões para o atraso na realização da cirurgia estão ausência de encaminhamento ao especialista (40%), falta de especialistas disponíveis ou salas cirúrgicas (18%), recusa do paciente (18%) e falta de equipamentos de imagem para diagnosticar a lesão da carótida (9%). Esses números são alarmantes, principalmente por se tratar de um país desenvolvido. Em nosso meio, em que a organização dos serviços de saúde é muito inferior aos da Inglaterra, os dados são inexistentes, mas não há razões para acreditar que nossa realidade é diferente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário